Confira o que ocorreu no segundo dia de CONFENASPS

Análise de Conjuntura 

O segundo dia do XV Confenasps, em 27 de outubro de 2017, teve início com o debate: Análise de Conjuntura Internacional e Nacional: Crise Econômica e as Consequências para os Trabalhadores. Para realizar o debate foram convidados o professor da Universidade Federal de Santa Catarina, Nildo Ouriques; os representantes da CSP- Conlutas José Maria de Almeida e Mauro Puerro; o coordenador da Fasubra Rogério Marzola; e o representante do Fórum de Saúde, Gilson Amaro.

Todos os debatedores foram unânimes na necessidade de unificação da luta dos trabalhadores contra os ataques do governo que representa os interesses dos banqueiros, latifundiários e grandes empresários. Apontaram a importância de cada um se empenhar na construção de uma greve geral em 10 de novembro.

Abaixo um pouco da análise de cada um dos palestrantes.

Nildo Ouriques

Vivemos no Brasil uma guerra de classes. Burguesia, banqueiros, latifundiários, industriais e grandes comerciantes decidiram resolver a crise internacional de 2008 repassando o prejuízo aos trabalhadores.

Não é uma recessão possível de resolver em curto espaço. Não é possível voltar a ter direitos. É preciso que o povo enfrente a classe dominante que declarou guerra contra nós, declarando guerra contra ela.

Engano supor que elegendo novo presidente tudo volte a funcionar. O Congresso que será eleito será tão corrupto e nefasto quanto esse. Nessa conjuntura o voto dos trabalhadores não mudará o Brasil.

O voto é um instrumento importante somente se estiver engajado nas ruas. Caso contrário é só uma peça de legitimação desse sistema político.

Esse ajuste fiscal de Temer iniciou-se com Dilma que ganhou a eleição condenando o programa de ajuste liberal , mas colocou banqueiros no Ministério da Fazenda e no Banco Central.

Zé Maria – CSP Conlutas

O Brasil vive imerso numa crise econômica, social e política. A econômica é a mesma de 2008, pagamos o preço pela sua integração no capitalismo. Crise para banqueiros é a redução das taxas e para os trabalhadores é o reflexo da tentativa de aumentar a rentabilidade deles. São mais de 24 milhões de desempregados, degradação dos serviços públicos, falta de moradia, violência, especialmente para a população pobre e negra.

A crise social que tem crescido gera resistência na classe trabalhadora e polarização, muito pela ofensiva dos empresários. Essa polarização começou em 2013 com o PT, quando começou a aplicar o reajuste fiscal, eclodindo as manifestações.

Os ataques começaram nos governos Lula e Dilma, gerando crise nas bases daquele governo. O governo do PT, quando se viu ameaçado, não se mobilizou com a classe trabalhadora, pois estava massacrando os trabalhadores, uma vez que Dilma faria as reforma da previdência e trabalhista.

As grandes Centrais Sindicais, CUT e Força Sindical, serão cúmplices da reforma da previdência se não apoiarem a luta dos trabalhadores.

Mauro Puerro

Estamos vivendo uma crise do capitalismo mundial. Ataques contra a classe trabalhadora se dão em todo o mundo, assim como as lutas de resistências. Alternativas de extrema direita e fascistas crescem em todo o mundo.

Essa realidade se materializa no Brasil. A crise aqui é mais pesada porque somos um país de economia dependente, o capitalismo nos transforma em semi-colônia.

Vivemos o fim do governo petista, de conciliação de classe, em que setores que nasceram na classe trabalhadora foram ao governo e governaram para a burguesia. Em 2003, a reforma da previdência de Lula, assim que chegou ao poder, foi a mesma que FHC não conseguiu implantar.

A classe dominante trocou Dilma por Temer para fazer uma reforma mais profunda e que ela não conseguiria. A classe trabalhadora não saiu em sua defesa porque ela a traiu. Infelizmente ela não foi derrubada pela classe trabalhadora, foi tirada pela burguesia com apoio da classe média.

A classe trabalhadora precisa construir uma alternativa política que acabe com o pagamento da dívida pública para investir em educação, saúde e geração de empregos com planos de obras públicos.

Rogério Marzola

Momento desfavorável para a classe trabalhadora depois de 13 anos de conciliação de classe. O golpe foi construído para estabelecer o ritmo de ataque a classe trabalhadora.

Por outro lado, a esquerda socialista chega fragmentada ao final desse processo. E a ultradireta começa a entrar em movimentos de massas homofóbicos, xenófilos e machistas, com ataques a direitos sociais em todos os países.

Os professores das universidades federais farão greve por tempo indeterminado a partir de 10 de novembro contra a reforma da previdência e desmonte das carreiras.

É necessária a construção de espaços plurais para ter novas agendas e unidade de ação, reunindo trabalhadores que não estão nas grandes centrais sindicais. Iniciando o debate por qual será o programa para a ruptura, para a revolução no Brasil, não para permanecer num processo de disputa entre nós e que não consegue construir uma luta.

Gilson Amaro

É necessário nos reconhecermos como classe trabalhadora para fazermos o embate contra o capital e impor nova era. O capital e direitos não combinam, não existe cidadania. Existe mercadoria.

Lutamos contra a transformação da Saúde em mercadoria e para a previdência não se abrir ao mercado privado.

A lógica do capital é a de que quem não tem utilidade é exterminado, pois não consegue ter acesso a mercadoria. O trabalhador só consegue ter vínculo no momento do trabalho, acabando com qualquer expectativa de vida.

O Brasil hoje é o ápice da república dos delinqüentes. Falência da nova república. Aprofunda um grave processo de reversão neocolonial. A hegemonia neoliberal não foi questionada, mas aprofundada na era petista.

A saída é centralizar na revolução brasileira, é um processo do povo brasileiro, e é tarefa da esquerda construir espaços. Só haverá processo revolucionário com o povo. A direita teme o povo, a esquerda tem de ser o povo.

Não basta derrotar o Temer. Temos de derrotar o Temer e o sistema de criar os Temers.

 

Aproximadamente 3 mil servidores de diversas regiões do país participam do XV Confenasps, no Centro de Convenções de Serra Negra.

Raça, Gênero e Classe

As atividades do segundo dia do XV Confenasps, em 27 de outubro de 2017, foram encerradas com o painel Raça, Gênero e Classe que se iniciou com uma homenagem aos companheiros servidores que faleceram nesse último período e que representam exemplos de luta.

As palestras foram preferidas por Edson Bonfim, do movimento negro do Espírito Santo; Douglas Lopes, estudante de história que atua no movimento negro; Carlos Daniel Otoni do movimento LGBT em São Paulo; Guilhermina Cunha, do movimento LGBT de Santa Catarina.

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Movimento Sindical

A Reorganização do Movimento dos Servidores Públicos Federais e Balanço Político do Movimento Sindical foi o tema de painel realizado na tarde de ontem, 27 de outubro de 2017, no XV Confenasps.

Estiveram presentes para o debate Gibran Ramos Jordão, Fasubra e CSP – Conlutas; Paulo Barela, IBGE e CSP-Conlutas; Lujan Barcelar, Coordenadora da Auditoria da Dívida e da Frente Estadual em Defesa da Previdência Social, Direitos Trabalhistas e Serviços Públicos; Cláudio Machado, Diretor do Sinsprev/SP e do Avançar das Lutas; e David Lobão, Sinasefe e CSP-Conlutas.

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Processo eleitoral

Os trabalhos na tarde do segundo dia do XV Consinsprev , em 27 de outubro de 2017, se iniciaram com a eleição da Comissão Eleitoral para a eleição da nova diretoria da Fenasps. Logo em seguida foram apresentadas as teses inscritas ao Congresso.

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Fonte: SINSPREVS