Há mais de dois meses, os trabalhadores das universidades federais estão em greve. A grande mídia quase não falou dela. O silêncio fazia coro com a indiferença governamental.
Por Sergio Domingues, Diário Liberdade
Em 13 de julho, o governo apresentou proposta. Os jornais anunciaram com estardalhaço. Da recusa em negociar, surgiram mágicos 45% de correção salarial. Alguns detalhes mereceram pouco destaque.
Feitas as contas, descobre-se que aquele índice representa reajuste negativo ou nulo para a grande maioria dos professores. Além disso, aos funcionários administrativos nada foi oferecido.
É assim que a grande imprensa vem tratando as greves há muito tempo. Para a alegria de governos e patrões. Talvez, fosse bom rever os manuais de redação. Sugestão para um verbete:
Greve: movimento paredista de caráter trabalhista. Deve ser noticiada com moderação. Os leitores devem ser poupados de detalhes como os motivos da paralisação e suas reivindicações. Mas é importante ressaltar que os maiores prejudicados são os usuários e/ou consumidores do setor afetado.
As propostas feitas pelo empregador devem ser noticiadas o mais genericamente possível. Índices de reajuste salarial devem ser apresentados em números redondos. Sem detalhes quanto ao verdadeiro impacto de sua aplicação. Do contrário, poderia ficar clara a eventual insignificância da proposta e a notícia perderia relevância.
Nota: os grevistas têm utilizado o expediente de bloquear ruas e avenidas para chamar a atenção da população. É importante que nos limitemos a informar sobre as regiões afetadas sem dar maiores detalhes quanto a reivindicações e causas do movimento. A prioridade é mostrar os transtornos causados aos motoristas.
Correções como esta tornaria os fatos mais fiéis à notícia, já que o contrário foi descartado