O mundo vive uma forte ofensiva neoliberal, que utiliza o endividamento como principal instrumento de chantagem, para que governos de todo o mundo, do Sul e do Norte, cortem gastos sociais, privatizem as empresas estatais e retirem direitos duramente conquistados pelos trabalhadores.
A análise é do sítio Auditoria Cidadã da Dívida, 07-08-2011.
As denominadas “agências de classificação de risco” representam os interesses do setor financeiro global e são as porta-vozes desta ofensiva, sempre culpando um suposto excesso de gastos sociais como causa da explosão do endividamento. Quando, na realidade, os verdadeiros culpados são os próprios bancos, que foram salvos às custas do Estado que, para tanto, tomou grande quantidade de empréstimos.
Tais agências possuem um poder absurdo, tendo a prerrogativa de ameaçar qualquer governo, dizendo que se eles não cortarem gastos sociais, os emprestadores fugirão do país, causando crises financeiras e a suspensão dos novos empréstimos, necessários para o pagamento das dívidas anteriores. Esta chantagem, feita graças ao instrumento do endividamento, é executada por qualquer grupo político subserviente ao setor financeiro, tal como na recente decisão do Congresso dos EUA, que condicionou a elevação do endividamento (ou seja, a tomada de novos empréstimos para o pagamento das dívidas anteriores) a um pesado corte de gastos sociais e à não-tributação dos mais ricos.
Neste final de semana, governos de todo o mundo estão reunidos em caráter emergencial, para decidir o que fazer diante do anúncio da agência de classificação de risco “Standard & Poor’s”, de rebaixamento da classificação da dívida dos EUA. “Decidir o que fazer” significa, em bom português, definir quantos trilhões de dólares em gastos sociais serão cortados nos diversos países, e quantos trilhões de dólares serão liberados imediatamente para beneficiar os “mercados”.
Se nos anos 40 a 80, a existência de um bloco antagônico ao capitalismo no leste europeu fazia com que o capitalismo fizesse algumas concessões à classe trabalhadora (por meio do chamado “Estado de Bem-estar”), agora a ofensiva do capital é total. Como sempre, esta ofensiva neoliberal se utiliza do mecanismo do endividamento para impor medidas nefastas, sempre aplicadas nos países do Sul, e agora nos países do Norte, tais como a demissão sumária de servidores públicos, corte de aposentadorias, 13º salário, privatizações generalizadas e cortes de todo tipo de gastos sociais.
Nunca o endividamento foi tão largamente utilizado para dominar os povos de todo o Planeta, e nunca foi tão necessária uma alternativa a esta situação. Nunca foi tão necessário desmascarar este processo, demonstrando que os rentistas e suas “agências de risco”, que se colocam como arautos da “responsabilidade fiscal”, são, na realidade, os verdadeiros causadores desta crise. A auditoria da dívida é um meio de demonstrar isso, com provas documentais e dados oficiais.